As postagens a partir de hoje serão exclusivas para mostrarmos as tribos dos Índios do Maranhão. A nossa última postagem foi sobre os Nômades das nossas florestas, os Guardiões das Matas, os Índios Awá-Guajá. Confira.awá-guajá
Nossa pesquisa traz pra você, através deste Blogger uma viagem as raízes brasileiras e maranhenses. A sobrevivência destes povos ao longo dos anos e suas tradições e culturas serão destaque em nossa análise. As exposição das belezas destes povos e a publicação para o mundo, tem o propósito de proteger o que ainda resta de melhor nestas sociedades, contribuindo assim para que esta não sejam esquecidas, nem apagadas da memória do nosso país, perpetuando principalmente suas línguas e seus territórios.
Índios no Brasil |
Hoje no Brasil, vivem mais de 800 mil índios, cerca de 0,4% da população brasileira, segundo dados do censo de 2010. Eles estão distribuídos entre 683 Terras Indígenas e algumas áreas urbanas. Existem ainda os grupos indígenas não contatados. A FUNAI, conta com 77 referências dentre as quais 30 grupos estão com suas referências confirmadas. Por fim há grupos que estão requerendo o reconhecimento da sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista.
Os grupos indígenas do Maranhão são: Awá-Guajá, Guajajara, Kanela, Krikati e Timbira (Gavião), dados preliminares do censo 2010 do IBGE é que a população urbana é de 6.911, população rural 28.361, totalizando de acordo com a tabela abaixo 35.272 índios.
Fonte:Funai |
A nossa primeira sociedade indígena que descreveremos são os índios que tiveram suas terras invadidas por fazendeiros desde o século XIX e só tiveram seus direitos territoriais plenamente reconhecidos pelo Estado brasileiro em 2004, depois de décadas de conflitos.
KRIKATI
Nome e População
Significa "Aldeia Grande" em nossa língua. A auto denominação do grupo é Kricatijê, que quer dizer "aqueles da Aldeia Grande", denominação também dos Timbira. Seus vizinhos imediatos, os Pukopjê, a eles se referem usando o designativo Põcatêgê que significa “os que dominam a chapada“.
Significa "Aldeia Grande" em nossa língua. A auto denominação do grupo é Kricatijê, que quer dizer "aqueles da Aldeia Grande", denominação também dos Timbira. Seus vizinhos imediatos, os Pukopjê, a eles se referem usando o designativo Põcatêgê que significa “os que dominam a chapada“.
Devido à referência comum nas fontes históricas entre os Krĩkati e os
Pukopjê, no início do século XIX o total da população dos dois grupos foi
estimado por Paula Ribeiro em aproximadamente 2.000 índios. Em 1919 um censo do
Serviço de Proteção ao Índio (SPI) indicou uma população de 273 índios
distribuídos entre as aldeias Engenho Novo e Canto da Aldeia. Foi só a partir dos anos 60 que as populações dos dois grupos começaram
a ser indicadas em separado.
LOCALIZAÇÃO
Os Krikati habitam na região do Sudoeste do Maranhão, suas terras localizam-se abrangendo os municípios de Montes Altos, Sítio Novo, Amarante do Maranhão e Lajeado Novo. A TI é banhada por rios e córregos das
bacias do Tocantins (Lajeado, Arraia, Tapuio, entre outros) e Pindaré/Mearim.
Aliás, o primeiro destes importantes rios do Maranhão tem sua cabeceira
principal dentro da Terra Indígena.
Em 2005, os Krĩkati habitavam em duas aldeias: São José (a maior e mais antiga) e Raiz, esta fundada poucos meses depois da conclusão da demarcação física da área em 1999. Havia ainda uma aldeia (Cocal) composta por indivíduos guajajara casados com algumas mulheres krĩkati.
Os remanescentes Krikati e das diferentes etnias que sobravam após massacres, epidemias, expulsão da terra, iam engrossar a população daquelas que não estavam, temporariamente, enfrentando tais problemas, dando-lhes um reforço na manutenção da cultura timbira. Os Krikati, nessa dispersão física, acabam entrando em contato com as fazendas que fazem criação extensiva de gado, que dispensam a contribuição de muitos trabalhadores, ficam à margem da atividade pecuária, mas têm sido entre os mais hostilizados por ocuparem terras necessárias à expansão desses estabelecimentos e por transformarem em alvo o gado que ocupou suas áreas de caça. Os Krinkati, dessa forma, viram-se de tal modo reduzidos em sua terras, que chegaram a se dispersar no início do século XX, e durante alguns anos não tiveram aldeias; entretanto, conseguiram novamente erigi-las.
Por outro lado, os Krikati, talvez por causa disso, estão entre aqueles que mais guardaram o modo de vida tradicional. Um marco importante dessa dispersão Krikati, ocorreu em 1929. Os fazendeiros da região exerceram uma pressão tão grande que, os indígenas, após terem sido comunicados de sua transferência, incendiaram sua aldeia e se dispersaram para fugir do massacre iminente. Numerosas informações de etnógrafos e antropólogos dão conta do drama, da violência e dos assassinatos exercidos, inclusive, pelos antepassados dos que hoje, ocupam ainda, parte do território dos Krikati.
Nas aldeias Krikati (duas, atualmente), as casas estão dispostas em forma circular, parecendo uma grande roda, ou um grande sol, convergindo para um grande pátio central. Este, diferentemente do que ocorre com aldeias de outros povos Jê, de outros estados, não tem casa-dos-homens ou qualquer outra construção. O pátio é o local das reuniões masculinas que, até pouco tempo atrás ocorriam ao amanhecer e ao anoitecer.
O casamento, monogâmico, implica, em geral, na transferência do marido para casa onde vive a mulher. A união se torna estável depois do nascimento do primeiro filho. Mas há ampla liberdade sexual para solteiros e casados. Casas contíguas oriundas do desdobramento de uma casa anterior são, por força da regra de residência pós-marital, relacionadas entre si por linha feminina e formam uma unidade social. As pessoas nascidas num mesmo segmento de casas desse tipo não casam entre si. Tais segmentos são, pois, exogâmicos.
Os Krikati praticam vários ritos. Um deles se expressa mediante a realização das corridas de revezamento, em que cada uma das duas equipes que as disputam, carrega uma seção de tronco de buriti (ou de outro vegetal). O formato das toras (longas ou curtas, maciças ou ocas, cavadas ou com cabos), seu tamanho e seus ornamentos variam conforme o rito em realização. Para essas disputas, mas não somente para elas, os Krikati, como a maioria dos povos Timbira, se divide em duas partes, ditas metades. O mesmo povo pode dividir-se em distintos pares de metades, cada qual com seu critério de afiliação: nome pessoal, faixa de idade, livre escolha, mas, ao que parece, em nenhum caso descendência unilinear.
“Os termos de parentesco classificam filhos dos tios de sexos opostos aos dos pais com parentes de outras gerações. A aplicação dos termos aos parentes distantes pode afastar-se do padrão quando envolve portadores do mesmo nome pessoal, parentes para com os quais se mudou de atitude, amigos formais. Quanto a esses últimos, vale esclarecer podem ser de dois tipos: aqueles unidos por uma amizade mais espontânea, que os faz iguais, como se fossem irmãos; e os ligados por um laço mais rígido, marcado simultaneamente por uma solidariedade exagerada e pela evitação, que os faz como contrários.
Seus grupos locais se relacionam pela chefia honorária, constituída pela aclamação de um morador de uma aldeia pelos de outra, da mesma ou de outra etnia, estabelecendo uma relação de paz e amizade, e proporcionando hospedagem de uns na aldeia dos outros.
Seus mitos, são na grande maioria os mesmos que se encontram entre os Timbira, com pequenas variações: Sol e Lua e a criação dos seres humanos, do trabalho, da morte, da menstruação, dos animais importunos e peçonhentos; a Mulher-Estrela, que ensina o uso dos vegetais cultiváveis; a luta contra o grande gavião e a grande coruja e a origem do rito de iniciação Pembyê; a assunção de um homem aos céus pelos urubus, de onde traz o conhecimento do xamanismo e do rito de iniciação Pembkahëk; o conhecimento do uso do fogo, que foi tomado das onças; a transformação de alguns seres humanos em monstros, como o Perna-de-Lança; o surgimento do homem branco pela exclusão de um membro anômalo do seio da sociedade indígena. É constante, pois, nessa mitologia a passagem de conhecimentos de fora para dentro da sociedade e de certos seres no sentido contrário.”
Durante período de 12 a 15 de março de 2012, servidores da Coordenação Regional de Imperatriz – FUNAI, auxiliaram famílias da etnia Krikati, municípios de Montes Altos, Sítio Novo e Lajeado Novo, no plantio de mudas frutíferas nos quintais de suas casas.Funai auxilia Povo Krikati.
Em 2005, os Krĩkati habitavam em duas aldeias: São José (a maior e mais antiga) e Raiz, esta fundada poucos meses depois da conclusão da demarcação física da área em 1999. Havia ainda uma aldeia (Cocal) composta por indivíduos guajajara casados com algumas mulheres krĩkati.
Habitam um ecossistema
conhecido como cerrado caracterizado por árvores baixas, retorcidas espaçadas,
embora o seu território, especificamente, pode ser definido de transição, do
cerrado para a floresta amazônica.
LÍNGUA
A língua é praticamente igual à dos demais povos Timbira (Jê), com
algumas variantes dialetais. Os únicos que apresentam diferenças significativas
em termos lingüísticos entre os Timbira, são os Apinayé (TO). Os Krikati se
comunicam com os demais povos do mesmo tronco lingüístico-cultural, (o povo
Canela e Gavião) sem nenhuma dificuldade de ser entendido.
HISTÓRICO DE CONTATO
As primeiras notícias históricas que fazem
referência específica aos Krikati, é para informar que em 1814 este povo foi
atacado por uma Bandeira, a de São Pedro de Alcântara, onde se verificaram
muitas mortes e houve uma dispersão muito grande. Isto coincide com a conquista
das terras Timbira, pelos brancos, que se efetivou em sua maior extensão no
primeiro quartel do século XIX, dentro de um grande vácuo jurídico, ou seja,
entre a extinção do Diretório dos Índios pombalino na última década do século
precedente, e a primeira disposição legal referente a índios do Brasil
independente, que somente ocorreu no Ato Adicional que emendou a Constituição
do Império em 1834. De lá para cá, após os grandes ataques armados deflagrados
naquela primeira parte do século, os Krikati, bem como os demais Timbira,
conheceram um longo período de dispersão e de definhamento de toda ordem.
Os remanescentes Krikati e das diferentes etnias que sobravam após massacres, epidemias, expulsão da terra, iam engrossar a população daquelas que não estavam, temporariamente, enfrentando tais problemas, dando-lhes um reforço na manutenção da cultura timbira. Os Krikati, nessa dispersão física, acabam entrando em contato com as fazendas que fazem criação extensiva de gado, que dispensam a contribuição de muitos trabalhadores, ficam à margem da atividade pecuária, mas têm sido entre os mais hostilizados por ocuparem terras necessárias à expansão desses estabelecimentos e por transformarem em alvo o gado que ocupou suas áreas de caça. Os Krinkati, dessa forma, viram-se de tal modo reduzidos em sua terras, que chegaram a se dispersar no início do século XX, e durante alguns anos não tiveram aldeias; entretanto, conseguiram novamente erigi-las.
Por outro lado, os Krikati, talvez por causa disso, estão entre aqueles que mais guardaram o modo de vida tradicional. Um marco importante dessa dispersão Krikati, ocorreu em 1929. Os fazendeiros da região exerceram uma pressão tão grande que, os indígenas, após terem sido comunicados de sua transferência, incendiaram sua aldeia e se dispersaram para fugir do massacre iminente. Numerosas informações de etnógrafos e antropólogos dão conta do drama, da violência e dos assassinatos exercidos, inclusive, pelos antepassados dos que hoje, ocupam ainda, parte do território dos Krikati.
CARACTERÍSTICAS DA CULTURA
Os Krikati por fazerem parte da cultura Timbira,
assumem e incorporam muitos elementos que são comuns aos demais povos Timbira,
evidentemente, com algumas diferenças. Isto, devido ao diferente grau de
contato que escolheram de manter com a sociedade não indígena. A relativa
proximidade de cidades e sua interferência na sociedade Krikati, e a presença
indígena maciça nelas, seja por negócios, seja por motivos de estudo, vem
modificando significativamente muitas das manifestações culturais que até
poucos anos atrás eram realizadas. Longe de parecer um abandono ou uma
perda de sua identidade cultural, revela como a cultura Krikati é algo
dinâmico, que se refaz permanentemente e que não pode ser identificada somente
com determinadas manifestações culturais exteriores.
Nas aldeias Krikati (duas, atualmente), as casas estão dispostas em forma circular, parecendo uma grande roda, ou um grande sol, convergindo para um grande pátio central. Este, diferentemente do que ocorre com aldeias de outros povos Jê, de outros estados, não tem casa-dos-homens ou qualquer outra construção. O pátio é o local das reuniões masculinas que, até pouco tempo atrás ocorriam ao amanhecer e ao anoitecer.
O casamento, monogâmico, implica, em geral, na transferência do marido para casa onde vive a mulher. A união se torna estável depois do nascimento do primeiro filho. Mas há ampla liberdade sexual para solteiros e casados. Casas contíguas oriundas do desdobramento de uma casa anterior são, por força da regra de residência pós-marital, relacionadas entre si por linha feminina e formam uma unidade social. As pessoas nascidas num mesmo segmento de casas desse tipo não casam entre si. Tais segmentos são, pois, exogâmicos.
Os Krikati praticam vários ritos. Um deles se expressa mediante a realização das corridas de revezamento, em que cada uma das duas equipes que as disputam, carrega uma seção de tronco de buriti (ou de outro vegetal). O formato das toras (longas ou curtas, maciças ou ocas, cavadas ou com cabos), seu tamanho e seus ornamentos variam conforme o rito em realização. Para essas disputas, mas não somente para elas, os Krikati, como a maioria dos povos Timbira, se divide em duas partes, ditas metades. O mesmo povo pode dividir-se em distintos pares de metades, cada qual com seu critério de afiliação: nome pessoal, faixa de idade, livre escolha, mas, ao que parece, em nenhum caso descendência unilinear.
“Os termos de parentesco classificam filhos dos tios de sexos opostos aos dos pais com parentes de outras gerações. A aplicação dos termos aos parentes distantes pode afastar-se do padrão quando envolve portadores do mesmo nome pessoal, parentes para com os quais se mudou de atitude, amigos formais. Quanto a esses últimos, vale esclarecer podem ser de dois tipos: aqueles unidos por uma amizade mais espontânea, que os faz iguais, como se fossem irmãos; e os ligados por um laço mais rígido, marcado simultaneamente por uma solidariedade exagerada e pela evitação, que os faz como contrários.
Seus grupos locais se relacionam pela chefia honorária, constituída pela aclamação de um morador de uma aldeia pelos de outra, da mesma ou de outra etnia, estabelecendo uma relação de paz e amizade, e proporcionando hospedagem de uns na aldeia dos outros.
Seus mitos, são na grande maioria os mesmos que se encontram entre os Timbira, com pequenas variações: Sol e Lua e a criação dos seres humanos, do trabalho, da morte, da menstruação, dos animais importunos e peçonhentos; a Mulher-Estrela, que ensina o uso dos vegetais cultiváveis; a luta contra o grande gavião e a grande coruja e a origem do rito de iniciação Pembyê; a assunção de um homem aos céus pelos urubus, de onde traz o conhecimento do xamanismo e do rito de iniciação Pembkahëk; o conhecimento do uso do fogo, que foi tomado das onças; a transformação de alguns seres humanos em monstros, como o Perna-de-Lança; o surgimento do homem branco pela exclusão de um membro anômalo do seio da sociedade indígena. É constante, pois, nessa mitologia a passagem de conhecimentos de fora para dentro da sociedade e de certos seres no sentido contrário.”
ATUALIDADE
A Terra Indígena Krikati possui
campos, matas virgens e passa, atualmente, por um processo de reflorestamento.
Embora a comunidade tenha muitos recursos disponíveis, há alguns madeireiros e
posseiros que há pouco tempo atrás ocuparam a área. O trabalho na roça e o
cultivo de cereais é responsável por grande variedade alimentar, como arroz,
milho, mandioca, feijão, inhame, banana e amendoim. A região também oferece
bacaba, buriti, açaí, entre outros.
Desde um ponto de vista econômico as
atividades se diversificaram enormemente nestes últimos anos. Embora as
atividades agrícolas continuem tendo uma certa predominância, a produção de
artesanato ( colares, pulseiras, cestarias e outros artefatos), juntamente com
a criação de gado, - que já conheceu tempos melhores – contribuem
significativamente com o longo caminho rumo à plena autonomia. Dentro da
economia local, interna, não se pode desprezar também, o número significativo
de “assalariados”, professores indígenas e funcionários e agentes de saúde.
Durante período de 12 a 15 de março de 2012, servidores da Coordenação Regional de Imperatriz – FUNAI, auxiliaram famílias da etnia Krikati, municípios de Montes Altos, Sítio Novo e Lajeado Novo, no plantio de mudas frutíferas nos quintais de suas casas.Funai auxilia Povo Krikati.