quarta-feira, 13 de junho de 2012

Presidente da Funai participa de agenda de trabalho na Terra Indígena Alto Turiaçu/MA

            Na primeira visita a uma aldeia como presidente da Funai, Marta Maria Azevedo é
recepcionada pela anciã Kwarã Kaapor (83), da aldeia Ximborendá
 A presidente da FUNAI, Marta Maria Azevedo, se reuniu por dois dias com povos indígenas do Maranhão a fim de fortalecer o trabalho da Funai em Imperatriz, a partir da articulação com essas comunidades. Ela participou, nos dias 8 e 9, do Encontro dos Povos Indígenas da Terra Indígena Alto Turiaçu, realizado de 3 a 10 de junho, na aldeia Ximborendá. 


A aldeia foi escolhida para a primeira agenda da presidente em terra indígena por estar em uma das regiões prioritárias da atual gestão, dada a extrema vulnerabilidade em que se encontra o complexo de terras, que inclui, além de Alto Turiaçu, as TIs Awá e Caru, no Maranhão, e Alto Rio Guamá, no Pará. Segundo Marta Azevedo, só com uma Funai forte regionalmente é possível garantir a proteção dos direitos dos povos indígenas, a partir de ações integradas que promovam a saúde, a educação, os direitos sociais e o etnodesenvolvimento. 


Um dos compromissos de Marta Azevedo, ao assumir o órgão, foi consolidar o processo de reestruturação da FUNAI a partir do fortalecimento das coordenações regionais. “A colaboração de todos é fundamental para que o trabalho tenha um resultado positivo a partir de ações de curto, médio e longo prazos. “Nós temos uma tarefa em Brasília, a Coordenação Regional tem uma tarefa aqui, vocês (indígenas) têm uma tarefa também, mas o plano de vida das comunidades, das aldeias tem de ser feito com vocês, cada um com sua tarefa”, ressaltou. 



A presidente lembrou que o trabalho deve ser contínuo, comparando-o com a abertura de uma longa trilha que tem de ser feita por etapas. “A gente sabe pra onde quer ir e por onde tem de abrir a picada. Tem um trecho do caminho que a gente vai conseguir abrir agora, tem outro trecho que a gente vai fazer no ano que vem e nos outros anos.” Ela chamou atenção ainda para a valorização da Coordenação Regional da Funai, a partir da reestruturação do órgão. “O objetivo desse trabalho é também dar força para a Funai regional. Quando o coordenador fala, ele é a minha voz, está falando o que eu estou falando. Ele é o representante da Funai”, salientou. 



O evento contou com a presença de 300 indígenas, incluindo lideranças das etnias Ka’apor e Timbira das aldeias Axinguerená, Sítio Novo, Araçatiwa, Xiepihurená, Capitão Mirá, Bacurizeiro, Turizinho, Piquizeiro, Cumaru e Ximborendá. Representantes de outras etnias do estado do Maranhão - Krepum Kateyê, Canela Ramkokamekrá, Canela Apanijekrá, Krikati e Gavião - também compareceram para relatar experiências de gestão ambiental e territorial, além de pensar ações articuladas para enfrentar problemas comuns a todos os povos do Maranhão.

Durante esses dias, os indígenas puderam refletir sobre o seu território, começando a traçar o que se chamou de Plano de Vida da TI Alto Turiaçu. Na língua Ka’apor: “Ixoha Muka Tuka Ke”. O grupo identificou as formas tradicionais de uso da terra, definiram possibilidades de sobrevivência física e cultural a partir dos potenciais da região e identificaram oportunidades de atuação da Funai e de parceiros.

O indígena Lourenço Timbira avalia que a partir do encontro podem surgir coisas melhores para a comunidade. “A Funai - a gente sabe que ela passou por uma reestruturação – e a visão hoje da nova direção pode trazer um resultado melhor, porque ela está ouvindo a comunidade. O lado mais importante pra nós é a questão da terra. Em segundo, a Funai trabalhar em cima de projetos que vão trazer alta sustentabilidade para as comunidades e também gerar renda para que essas comunidades não fiquem na situação em que se encontram”. 



Situação - A Terra Indígena Alto Turiaçu, habitada pelos povos indígenas Ka’apor, Tembé,  Timbira e Awá Guajá, vem sofrendo com invasões de não índios, como madeireiros e caçadores. Mesmo com as diversas ações de vigilância e monitoramento promovidas pela Funai em parceria com órgãos fiscalizadores, entre elas a operação Pau Brasil e Arco de Fogo, a região ainda é vulnerável, com riscos de gradativa exaustão dos recursos naturais imprescindíveis para a sobrevivência desses povos.


Desde 2007, a Funai vem realizando sistematicamente ações de vigilância nas TI Alto Turiaçu, por meio de operações em conjunto com o Ibama, Departamento de Polícia Federal e Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Essas ações resultaram em apreensão de produtos florestais ilegais, equipamentos e veículos utilizados por madeireiros. A eficácia dessas ações, no entanto, dependem de ações integradas a outros temas como educação, saúde, direitos sociais e etnodesenvolvimento.



Fonte:Funai

Nenhum comentário:

Postar um comentário