sábado, 26 de janeiro de 2013

Índios combatem extração ilegal de madeira no Maranhão.





Madeiras encontradas pela FUNAI
 Brasília - Índios Pukobjê-Gavião da Terra Indígena Governador, em Amarante (MA), apreenderam, na semana passada, quatro caminhões e um trator que transportavam cerca de 20 metros cúbicos de ipê e de sapucaia derrubados por madeireiros que atuavam irregularmente no interior da terra indígena, localizada a cerca de 110 quilômetros de Imperatriz. Com medo de represálias dos madeireiros, os índios pedem a presença da Polícia Federal na reserva indígena.

A apreensão provocou revolta de moradores da cidade e continua gerando medo entre os índios, que, mesmo assim, prometem agir para impedir que os madeireiros continuem agindo impunemente no interior da terra indígena. "Estava demais. Eles estavam se aproximando cada vez mais das nossas aldeias, nos desrespeitando e levando nossas árvores", disse à Agência Brasil, por telefone, Ubirajara Guará, cacique da Aldeia Nova, uma das três existentes no interior da reserva.

Os Pukobjê-Gavião temem que, sem a presença da 
Polícia Federal(PF) na área, os madeireiros prejudicados pela iniciativa indígena cumpram os boatos que tem corrido na cidade. "Andam dizendo que madeireiros prometeram pegar um por um os líderes das três aldeias. Isso quem disse foram as pessoas de fora da aldeia com quem temos contato. Tememos que aconteça algo como o que já ocorre em várias partes do país, onde índios são mortos. Por isso pedimos a presença da Polícia Federal", disse o cacique.

Ubirajara afirma que ao menos um índio foi agredido durante os tumultos ocorridos em Amarante na semana passada e que, esta semana, desconhecidos sabotaram o fornecimento de energia elétrica para a Aldeia Nova e espalharam tábuas com pregos na estrada próxima à entrada da Aldeia Governador. Além disso, alguns comerciantes deixaram de atender aos índios.
Barracões de Madeireiros

Inicialmente, nem os próprios policiais federais e fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (
IBAMA) escaparam de ser alvo dos protestos de pessoas contrárias à iniciativa indígena. Procurada, a assessoria da PF revelou que uma das viaturas policiais foi atingida por dois tiros durante os protestos da semana passada.
Madeiras e Caminhão Apreendidos

O gerente executivo substituto do 
IBAMA em Imperatriz, Felippe Dias Lucas, disse à Agência Brasil que ele e outro fiscal ambiental, além de seis policiais federais, foram impedidos, por falta de segurança, de levar para Imperatriz (MA) os caminhões e o trator apreendidos pelos índios, tendo que permanecer na aldeia até que policiais militares deslocados de cidades próximas chegassem à Amarante. Segundo Lucas, ao menos 60 pessoas participavam dos protestos e muitas estavam visivelmente alcoolizadas. 

"Fomos acionados pelos próprios índios e chegamos à aldeia por volta do meio-dia do dia 15. Só então soubemos da manifestação na cidade e que populares, provavelmente incitados por madeireiros, tinham feito uma barreira na estrada que liga a aldeia ao município. O delegado federal tentou negociar com alguns manifestantes o fim do bloqueio, mas como não obteve sucesso, tivemos que permanecer na aldeia até a madrugada do dia seguinte, quando chegou reforço policial e o número de manifestantes diminuiu", disse o gerente executivo a
Agência Brasil.

Após essa primeira tentativa, as autoridades retornaram a Amarante na madrugada de quinta-feira (17). Dessa vez o grupo era formado por 16 agentes federais, 30 policiais militares e servidores da 
Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Segundo a assessoria da PF em Imperatriz, o aparato policial serviu para coibir novos protestos e o grupo, enfim, conseguiu transferir os veículos apreendidos para o pátio da Funai, em Imperatriz. Já a madeira extraída ilegalmente permanece na aldeia, à espera de que o IBAMA  conclua o processo de apreensão.
Toras a espera de Madeireiros (Apreendidas)

Esta não é a primeira vez que algo parecido ocorre em Amarante. Em 2010, homens armados invadiram a aldeia Rubiácea, na mesma Terra Indígena Governador, para tentar recuperar três caminhões carregados de madeira ilegais apreendidos durante a Operação Arco de Fogo, do IBAMA.

"Naquela e em outras regiões do estado há poucas áreas com potencial para fornecer madeira legalmente. Isso faz com que a pressão sobre as terras indígenas e outras áreas de proteção ambiental seja muito grande. Além disso, a Terra Indígena Governador é um alvo fácil, já que fica muito próxima a Amarante", explica Lucas.

Ubirajara disse que como as autoridades dificilmente conseguiam flagrar a extração ilegal de madeira na terra indígena, os Pukobjê-Gavião decidiram criar grupos para vigiar a área. "Nossa impressão é que os madeireiros eram avisados da operação e, por isso, os governos gastavam um dinheirão e nunca pegavam ninguém. Por isso montamos nossa própria estratégia. Não temos poder para prender ou multar ninguém, mas podemos apreender o material de quem está acostumado a ganhar dinheiro fácil desrespeitando nossa terra e comunicar as autoridades".

Para evitar retaliações, a comunidade está limitando o acesso de pessoas estranhas ao interior da reserva, interrompendo após as 18 horas o tráfego de veículos pela estrada que corta a terra indígena e que liga Amarante a Campo Formoso. De acordo com o cacique, a passagem só é permitida à ambulâncias e em casos de emergência. 

Questionada sobre o assunto, a assessoria da PF informou que a delegacia de Imperatriz tem apenas 22 agentes, um efetivo pequeno para viabilizar operações permanentes no interior da reserva indígena. A PF assegurou ainda que, sempre que acionada ou necessário, realiza ações pontuais, mas que não há, por enquanto, nenhum plano sendo discutido em função do medo dos índios de sofrerem represálias.

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Morte de índia extingue idioma e cultura de tribo amazônica.

Anciã Bose Yacu era a última a falar língua e manter tradições dos pacahuaras, etnia originalmente da Amazônia peruana.Foto BBC



Em uma voz firme e profunda, Bose Yacu entoa os cânticos que aprendeu com seu pai na região boliviana da floresta amazônica, há 50 anos.
"Meu pai, Papa Yacu, cantava essa música quando via trilhas de porco e saía para caçar... Já essa outra, quando colhia amêndoas... e essa outra era para mostrar que vínhamos em paz, quando visitávamos alguém", explica Bose, ao fim de cada melodia.
Sentada do lado de fora de sua casa feita de madeira, Bose – uma mulher magra com longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo – era a mais velha dos pacahuaras e a única que ainda mantinha algumas das tradições de sua tribo, como usar franja e um pequeno pedaço de pau no nariz, com uma pena vermelha de cada lado.
Quando a visitei em seu vilarejo, em setembro, senti que suas histórias e cânticos escreveriam o último capítulo da história da tribo. Bose morreu recentemente, deixando cinco irmãs: as últimas pacahuaras do mundo.
A notícia de sua morte não foi manchete em nenhum jornal, mas foi uma imensa perda, já que as pacahuaras não têm para quem transmitir seus conhecimentos.

'Poucos sobreviventes'

Dois séculos atrás, os pacahuaras eram um dos principais grupos indígenas da Amazônia peruana. No final do século 18, eles "ocupavam um vasto território", mas "dois séculos depois, dá para contar na mão o número de pacahuaras que restaram", de acordo com o antropólogo francês Philippe Erikson, no prefácio de seu livro "The Pacahuaras: The Impossible Reduction" ("Os Pacahuaras: A redução impossível", em tradução livre).

Os cinco sobreviventes vivem nas proximidades do remoto vilarejo de Alto Ivon, no nordeste da Bolívia, para onde eles foram relocados em 1969. Missionários americanos ajudaram a transferi-los, para escapar de problemas que atingiam a tribo.
Era um período em que havia uma grande produção de borracha em todo o mundo – e isso causou graves problemas para as tribos indígenas da Amazônia, alvo da exploração do produto. Os pacahuaras dizem ter sofrido terrivelmente nas mãos de seringueiros brasileiros. De toda a comunidade, acredita-se que apenas a família de Bose tenha sobrevivido. "Lutamos muito. Meu pai foi atingido na cabeça e jogado no rio, mas conseguiu sobreviver e voltou para casa", conta.
Como o restante da tribo, Bose não sabe sua idade exata, mas lembra que chegou a Alto Ivon quando ainda era adolescente.
Era a terra dos chacobos, uma tribo com raízes e língua similares. Hoje, cerca de 500 pessoas falam chacobo, que está na categoria "definitivamente em perigo", segundo a Unesco. Já a língua pacahuara foi classificada como "em perigo crítico", apenas um estágio antes de "extinta".

Trilha com machetes

Ambas as tribos falam línguas da família linguística Panoan. Os missionários do Instituto Summer de Linguística ajudaram os pacahuaras a se mudar a 200 quilômetros ao sul da Amazônia, para que pudessem ser assimilados pelos chacobos.
Bose Yacu 1973
De acordo com o antropólogo boliviano Wigberto Rivero, essa "era a única opção para salvá-los, já que, por causa do número reduzido de membros, o crescimento biológico da tribo era impossível".
Os chacobos aceitaram a proposta dos missionários e alguns, inclusive, colaboraram na transição.
"Sabíamos que eles estavam enfrentando muitos problemas. Fizemos trilhas na floresta e espalhamos machetes e machados", conta Alberto Ortiz Alvarez, líder chacobo e presidente do Conselho Indígena da Amazônia boliviana.
Alvarez lembra que, quando eles viram que os objetos haviam sumido, perceberam que a tribo estava perto e que em pouco tempo seria encontrada. Uma vez que os pacahuaras chegaram, foram recepcionados com festa, na qual receberam bananas e mandioca. O grupo era liderado pelo pai de Bose, que tinha duas esposas e seis filhos.

'Nossa cultura ainda está viva'

Mais de 40 anos após a migração, com o patriarca e suas esposas mortos, restaram os seis filhos – sendo que quatro deles se casaram com membros da tribo vizinha e adotaram sua língua e seus costumes.
Maro é o mais novo dos pacahuaras. Ele chegou a Alto Ivon quando ainda era bebê, mas já não fala sua língua nativa e diz que seus filhos não vão aprendê-la.
"Falar chacobo é mais direto. Eles não conseguem falar como Bose falava", diz Maro, que é casado com uma mulher chacobo.
De acordo com o antropólogo Wigberto Rivero, esse "é um processo de assimilação irreversível' que começou com a língua e, em muitos casos, como o de Maro, tornou-se uma assimilação social e cultural.

Cachorro de rua

Bose era a filha mais velha e a única que se casou com um membro da tribo: Buca, cerca de 10 anos mais jovem que ela.
"Quando eu era nova, não tinha marido. Nessa época, meu pai se casou também com a irmã da minha mãe. E meu marido era filho da sua segunda mulher. Então, na verdade, meu marido e eu éramos meio-irmãos", disse Bose.
O casal não quis falar sobre o porquê de não ter filhos. E, mesmo sabendo que isso significaria o fim de sua língua, não era algo que parecia preocupá-los.
"Não estou triste. Nossa cultura ainda está viva. Quando a gente morrer, ela vai morrer também", disse Buca em setembro.
Mas, após a morte de sua mulher, ele está vagando na floresta, "sozinho, como um cachorro de rua", contou Pae Dávalos, um chacobo.
A morte de Bose deixou Buca transtornado. E deve também deve ter entristecido o professor de chacobo Here Ortiz Soria, que estava tentando arrecadar fundos para registrar a história e a língua dos pacahuaras.
Soria, cuja filha é casada com a segunda geração pacahuara, queria entrevistar Bose e reunir palavras na língua da tribo para ensinar às gerações mais novas. Mas a anciã morreu antes disso, levando consigo os últimos capítulos da língua e da história de sua tribo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Polícia militar, políticos e prefeituras alimentam esquema de venda de madeira na terra indígena Alto Turiaçu.






A PF (Polícia Federal) deflagrou, em dezembro de  2012, operação para coibir a extração ilegal de madeira em terras indígenas nos municípios de Maranhãozinho (800 km de São Luís) e Centro do Guilherme (450 km de São Luís), no noroeste do Maranhão. Trinta e quatro policiais cumpriram os sete mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. A operação Copi'i (que em tupi-guarani quer dizer cupim) desbaratou uma suposta quadrilha que, segundo as investigações, é formada por madeireiros policiais militares e políticos da região, ajudados por alguns indígenas que são a favor do desmatamento*. A PF não divulgou os nomes dos envolvidos. Todos vão responder processo em liberdade. Os acusados responderão por corrupção passiva, concussão (exigir para si ou para outro dinheiro ou vantagem em razão da função), prevaricação (retardar ou deixar de praticar ato de ofício), formação de quadrilha ou bando e peculato (funcionário público que toma posse de algo pertencente à administração pública). A PF informou que o esquema de retirada ilegal da madeira contava com a participação da Prefeitura de Centro do Guilherme, que cobraria uma taxa para que os caminhões de madeireiros entrassem na reserva e retirassem toras. A madeira seria vendida a serrarias. A investigação apontou que o dinheiro arrecadado com a entrada dos caminhoneiros não ia para os cofres públicos, mas sim, era desviado para os integrantes da quadrilha. "Ao pagar a taxa o caminhoneiro recebia um ticket, que comprovava o pagamento e dava direito de ingressar na reserva. Esse controle de entrada dos caminhões era feito por guardas municipais armados ilegalmente instalados em 'barreiras/cancelas' no povoado Centro do Elias e na zona rural de Maranhãozinho, sob supervisão de um subtenente da Polícia Militar da região", informou a PF, por meio de nota. Segundo a PF, além da acusação de corrupção, a atividade era ilegal, pois não tinha autorização do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Meio Ambiente) ou da FUNAI (Fundação Nacional Índio). As investigações tiveram início com a Operação Arco de Fogo, em 2011, com o levantamento de informações sobre desmatamento na reserva indígena Alto Turiaçu, do Maranhão, que gerou um inquérito da PF. 

* Dentro das Terra Indígenas sempre tem alguns índios que cometem crimes ambientais, ajudando criminosos não índios. Em porcentagens estes delituosos são menos de 1% da população da aldeia.  Em geral a maioria dos índios denunciam a derrubada de madeira.

Desmatamento da área Alto Turiaçu até 2008.

http://www.ipam.org.br/saiba-mais/Desmatamento-em-Foco/9

Para maiores informações da devastação da matas e florestas do nosso país acessem os sites:


sábado, 19 de janeiro de 2013

Elemento Surpresa nas Terras Indígenas..



A nossas matas e florestas, dentro das Terras Indígenas (TI's), veem sofrendo, de todos os lados, constantes ataques dos madeireiros. No Estado do Maranhão o problema maior dos nossos Índios é o maciço ataque dos extrativistas ilegais que se apoderam das Madeiras de Lei,
se aproveitando das extensas áreas indígenas e a dificuldade de monitoramento destas entradas. Mas a Coordenação Regional da Funai no Estado do Maranhão (CR-MA) vem trabalhando muito para que essa realidade seja modificada. No ano de 2012 foram feitas várias investidas contra os madeireiros em operações lideradas por esta CR-MA em conjunto com o IBAMA e as Polícias Federal, Militar e Força Nacional. 
Nosso proposito é acabar de vez com o desmatemento nestas TI's que assolam nosso estado. 
Vários Caminhões, Tratores, Motosserras, Motocicletas e outros objetos  usados pelos madeireiros já foram aprisionados em muitas operações. É um jogo  perigoso para os servidores mas necessário para a proteção dos povos indígenas e da flora do nosso país. A sociedade tem a obrigação legal de ajudar a combater este crimes ambientais através de denúncias e por motivo nenhum fazer o que fizeram os cidadãos da Cidade do Amarante do Maranhão, atrapalhando e acobertando criminosos extrativistas. 
Novas operações estão sendo planejadas para 2013, e tentaremos reduzir ainda mais as investidas ilegais destes criminosos ambientais.

Denúncias contra crimes ambientais:

http://www.ibama.gov.br/cadastro-ocorrencias




Algumas informações importantes:
  • os dados devem ser claros e precisos sobre a denúncia (pois se os mesmos não forem suficientes acaba impossibilitando o atendimento)
  • os dados do informante (quem está fazendo a denúncia) são mantidos em sigilo
  • é muito importante descrever qual o tipo de crime ambiental que está ocorrendo (ex: cativeiro de animais, desmatamento, poluição, caça, acidente com produtos químicos, degradação de área, maus tratos de animais, queimada, contra servidores, irregularidades administrativas, pesca predatória etc)
Outras formas para entrar em contato com a ouvidoria do IBAMA:
  • Central de Atendimento Linha Verde -  telefone: 0800-618080 (segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8 às 18 horas)
  • Endereço para enviar cartas e materiais – Ouvidoria – SCEN – Setor de Clube Esportivos Norte – Trecho 2 – Edifício Sede do IBAMA – CEP: 70818-900 – Brasília/DF
  • FAX Ouvidoria – (61) 3307-1125
  • Agendar atedimento com a Ouvidoria – o cidadão pode agendar para conversar pessoalmente com a ouvidora. Para isso, ligue para (61)3316-1090 para marcar atendimento. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8 às 18 horas.
  • Email -linhaverde.sede@ibama.gov.br
Você também pode entrar em contato com a Ouvidoria para fazer reclamações, sugestões, solicitações, elogios ou agradecimentos e manifestações.